Pelos idos de 1737, algo chamou a atenção de Cipriano José da Rocha, quando passava a cavalo por uma região do Sul de Minas – ali ele encontrou sinais de mineração e plantações, indicando a presença humana. Cipriano era o então ouvidor de São João Del Rei e estava um pouco longe de casa, a cerca de cento e vinte quilômetros de seu município.
Desde aqueles primeiros vestígios percebidos pelo ouvidor, a história conta que, aos poucos, um arraial foi se formando naquele local. O lugarejo chegou a ser chamado de Rio Verde e, com o passar das décadas, foi ganhando outros dois nomes, já como vila: Porto Real Passagem do Rio Verde e Aplicação do Rio Verde.
Ainda no século 19, um acontecimento histórico foi determinante para o crescimento econômico e a emancipação da vila: a visita do Imperador Dom Pedro II e sua família em 22 de junho de 1884. Na ocasião, ele inaugurou a Estrada de Ferro Minas e Rio, que passou a fazer a ligação entre a estação local e a cidade de Cruzeiro, no estado de São Paulo. Era um dos primeiros passos de uma integração econômica e cultural entre os dois estados, o que se ampliou até os dias de hoje.
Oficialmente, Três Corações ganhou esse nome em função da capela ali erguida pelo português Tomé Martins da Costa, garimpeiro de ouro, em louvor aos Sacratíssimos Corações de Jesus, Maria e José.
Há, contudo, duas outras versões mais poéticas para o nome da cidade. Uma se refere a três mulheres ali nascidas – Jacira, Jussara e Moema –, que se apaixonaram por três boiadeiros vindos de Goiás. Eles logo partiram e as deixaram com o coração em prantos. A outra versão faz alusão às curvas do Rio Verde, que corta o município desenhando pelo menos três corações por seu leito sinuoso, no entorno da cidade.
Essa passagem da Família Imperial pela vila teve grande repercussão: apenas três meses depois, o lugar foi emancipado à categoria de cidade, recebendo o nome de Três Corações do Rio Verde. E após quatro décadas, em 7 de setembro de 1923, o município passava a ser denominado Três Corações, uma pequena cidade em expansão cravada na bacia do Rio Verde, no interior de Minas Gerais.
No início de 1943, os dias amanheciam em paz na pacata Três Corações. Mas o mesmo não acontecia em outras partes do Brasil e do mundo, naqueles tempos da Segunda Guerra Mundial.
Em janeiro de 1943, os presidentes do Brasil, Getúlio Vargas, e dos EUA, Franklin Roosevelt, realizaram a Conferência do Potengi, a bordo de um destroyer norte-americano atracado em Natal, no Rio Grande do Norte. O
objetivo era definir as estratégias de utilização da região como base aérea norte-americana na Segunda Guerra Mundial.
Em fevereiro, na Índia, o ativista e líder político Mahatma Gandhi fazia uma greve de fome em protesto contra sua prisão, realizada pelas autoridades coloniais britânicas.
No mesmo mês, em Stalingrado, na antiga União Soviética, as tropas alemãs sofriam uma histórica – e sangrenta – derrota para o Exército Vermelho, em sua tentativa de expansão no território russo.